quinta-feira, 25 de novembro de 2010

'Playboys' de Niterói presos por tráfico de drogas

'Playboys' de Niterói presos por tráfico de drogas

Após quatro meses de investigações, cinco jovens de classe média de Niterói foram presos, quarta-feira (22), na Operação Consórcio, desencadeada pela Polícia Civil do Rio. Eles são acusados de participação num “consórcio de drogas”, onde compravam e revendiam entorpecentes para usuários da Zona Sul e Região Oceânica da cidade. Outros 12 mandados de prisão foram cumpridos em São Paulo e no Espírito Santo, sob a mesma acusação. De acordo com o chefe de Polícia Civil do Rio, Allan Turnowski, “os jovens encaravam a atividade (venda de drogas) como oportunidade de negócio, como se fosse um trabalho qualquer”. De acordo com a polícia, a principal droga comercializada pelo bando era a maconha hidropônica (cultivada na água). Eles chegavam a negociar cerca de 150 quilos de maconha por mês, além de crack, ecstasy e cocaína.

Operação - A operação teve início de madrugada e contou com mais de 80 policiais, para cumprir 17 mandados de prisão de prisão, dos quais 13 foram cumpridos. Outros quatro homens foram presos em flagrante. De acordo com as investigações, Pedro Cerqueira Magdalena, o Gordo, 27 anos, teria começado o “consórcio” entre amigos de classe média. Ele seria o líder do esquema e foi preso em uma casa alugada por R$ 3 mil, na parte alta da Praia Brava, em Búzios, na Região dos Lagos.
“Tudo começou com Gordo adquirindo as drogas na favela Mandela, no Complexo de Manguinhos, na Zona Norte do Rio, com um traficante conhecido. Não demorou para notarem a oportunidade de ganhar mais dinheiro com o negócio. Bastava romper com o traficante e ir direto ao fornecedor. E, assim, eles fizeram. Se reuniram e conseguiram um bom preço com o quilo da maconha hidropônica e passaram a buscá-la direto com um traficante paulista”, explicou o chefe de Polícia Allan Turnowski.

Presos - Entre os presos estão os irmãos niteroienses Marcelo, de 28 anos, e André Fróes Silva, 31, que trabalhavam na noite como DJs em boates. Eles estavam em casa, em Icaraí. Em 2004, André já havia sido preso por envolvimento com o tráfico internacional de drogas. Também de Niterói, Leonardo Neves de Almeida, o Leão, de 33 anos, foi preso no bairro Santa Rosa, Gabriel Petrucci da Fonseca, o Bill, 26, em Icaraí, e Marcos Vinícius de Souza Veiga, 20.

Além de Pedro Cerqueira, o Gordo, também foram presos em Búzios, na Região dos Lagos do Rio, Diego Pereira Ribeiro, o Cara de Macaco, 24, Daniel Navarrete Pimentel, o Beicinho, 29, Carlos Eduardo Lopes da Silveira, 34, e Daniel de Souza Gomes, 27. Sérgio Paloma Torres, o Serginho do Turano, 24, foi encontrado em Macaé, no Norte Fluminense. O tio de Pedro, Gerson Garcia de Cerqueira Neto, o Gessinho, foi encontrado em Guarapari, no Espírito Santo.

Em São Paulo, a Polícia prendeu um homem identificado como Walter Gordão, além de outros chamados João Paulo, Leandro, o Titio, e Luiz, com quem foi encontrada uma pistola 380. De acordo com a polícia, ainda há quatro foragidos, mas os nomes não foram divulgados para não atrapalhar nas buscas.
Quadrilha lucrava cerca de R$ 1 milhão
De acordo com a polícia, uma das características da quadrilha era não pegar em armas. “A quadrilha destinava a droga a outro grupo de pessoas, que faziam as abordagens de venda em festas, boates e nas praias, principalmente as de Búzios, na Região dos Lagos”, explicou o delegado Ricardo Barbosa.

O faturamento com a venda de entorpecentes, que podem ultrapassar R$ 1 milhão por mês, rendia conforto aos gerenciadores do esquema. Além da mansão alugada na Praia Brava, em Búzios, por R$ 3 mil, pelo chefe da quadrilha Pedro Cerqueira Magdalena, o Gordo, eles também tinham carros, computadores e até uma lancha para gozar do dinheiro conquistado com a venda dos entorpecentes.

UPPs - Para o chefe de Polícia, Allan Turnowski, as ocupações dos morros cariocas pelas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) podem estar intensificando essas ações no asfalto. “O preocupante é que esses traficantes não estão nas favelas, mas sim dentro de condomínios de luxo, em bares e boates. Isso dificulta os cuidados dos pais com seus filhos, que acabam tendo contato com essas pessoas e podem tê-las até como ídolos, pois ostentam dinheiro e bens de consumo sem esconder de onde vêm os recursos, mas a Polícia vai continuar desarticulando essas quadrilhas”, garantiu Turnowski.
Polícia pediu quebra de sigilo bancário

De acordo com as investigações, as articulações da quadrilha apontam outros contatos em Guarapari, no Espírito Santo, em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, e nos municípios do Norte Fluminense do Rio Laje do Muriaé e Macaé. Segundo o Subsecretário de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Rio, Rivaldo Barbosa, outros quatro suspeitos estão sendo procurados e serão presos. O delegado pediu, ontem, à Justiça, a quebra do sigilo bancário dos 16 presos para saber qual era o movimento financeiro real da quadrilha.

Barbosa afirmou que outras ações estão sendo articuladas para prender suspeitos em Nova Iguaçu, Caxias, Angra dos Reis, São Gonçalo e Niterói. A operação foi realizada em conjunto entre o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaecco), do Ministério Público, a Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública e as polícias Civil e Militar.
Consórcio funcionava  há 8 meses

O subsecretário de Inteligência da Secretaria de Estado de Segurança, Rivaldo Barbosa, acredita que o grupo atuava há pelo menos oito meses. A principal droga vendida pela quadrilha, a maconha hidropônica (cultivada à base de água e com maior concentração do princípio ativo), era proveniente do Paraguai. Eles também distribuíam cocaína e crack.

Cada quilo da maconha hidropônica era comprada pelo grupo por R$ 1.300. Na revenda, o quilo era convertido para R$ 8 mil. Com base nos 150 quilos comercializados pelo grupo, segundo levantamento da polícia, eles poderiam faturar mais de R$ 1 milhão por mês.

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